segunda-feira, 28 de setembro de 2009

do fundo da madrugada do andarahy

Mundos são fundados, postos em existência plena e inteira, para se destruírem assim que nascem. O tempo me engole, companheiro, e torno-me seu escravo, seu servo, enquanto os dias passam voando, galopante. Ultimamente, vivo no silêncio da madrugada. Posso passar o dia inteiro acordado, quando a madrugada me chama, estou insone, estou desperto, estou entregue a seu silêncio e encanto. Silêncio que aqui, megalópole-chiqueiro de seis milhões de almas, nunca é a ausência de sonoridades. Os ônibus rasgam o asfalto errante e sinuoso na frente de casa o tempo inteiro.
São gritos, guerras, estampidos de armas. Curral de escravos há séculos, a energia ancestral dessa cidade tem um componente pusilânime, sedento por mais caos. São muitas pessoas infelizes, companheiro, são pessoas que, muito mais que minha terra natal, passam a vida toda sonhando com uma experiência como a de Thoreau, Walden, ir pro meio do mato, sair da Babilônia. Aqui só os personagens de Manoel Carlos são felizes com o Rio da novela das oito. Todos odeiam isso aqui. Todos querem uma cabana na floresta, floresta que não existe senão em sonhos, com forno de microondas, miojo, tevê a cabo, internet banda larga e muito sódio na alimentação.
Os carros rodam com as buzinas sempre pressionadas, berrando, desgrenhados, loucos, trânsito caótico. São milhões de pessoas nas ruas, infelizes, descontentes, insatisfeitas de uma forma muito pitoresca com relação ao mundo.

2 comentários:

dariopouso disse...

puta que lo pariooooooooooooo

Bolshaia disse...

Quero te ver.
Tá onde?